O câmbio tem sido um dos principais motivos da movimentação do mercado da soja nas últimas semanas em Mato Grosso. Com a moeda norte-americana mais valorizada, as cotações (em Reais) ficaram mais atraentes aos olhos de muitos agricultores. Quem enxerga o momento como uma oportunidade, negocia a produção. Segundo o Imea, a venda da safra que está no campo e também da que só vai ser colhida no ano que vem estão em ritmo recorde no estado.
Os agricultores já venderam 67,9% da produção que está sendo retirada do campo, volume que supera tanto o montante que estava negociado nesta mesma época do ano passado (53,8%), quanto à média registrada nos últimos cinco anos no estado (54,2%).
Quando o assunto é o próximo ciclo, a antecipação das vendas chama ainda mais atenção. De acordo com o Imea, já foram comercializados 13,2% da soja que deve ser colhida na safra 2020/2021. Nunca a negociação de uma safra começou com tamanha antecedência no estado. Além dos preços mais atrativos (sustentados pelo alto patamar do Dólar), outros fatores também são apontados como fundamentais para que o ritmo das vendas fosse intensificado: a demanda interna para as indústrias de esmagamento, o receio quanto a uma menor demanda mundial (gerado após o surto do novo coronavírus) e o risco de uma retração na procura pela soja brasileira em função da primeira fase do acordo comercial entre EUA e China.
Efeito reverso
Como toda moeda tem dois lados, os agricultores também têm motivo para apreensão com a alta do Dólar: o impacto nos custos de produção. É que os preços de boa parte dos insumos (fertilizantes e defensivos químicos) também sofrem alterações com a oscilação da moeda norte-americana. Logo, tendem a ficar mais caros.
Preocupado com o risco de ver as despesas dispararem, o agricultor Marlon Fedrizzi já negociou a compra dos insumos que irá usar para plantar a área de 10 mil hectares de soja na safra 2020/21. Mesmo com a antecipação, diz que a conta ficará cerca de 8% mais cara que no ciclo atual. “Para arcar com as despesas e tentar ter lucro com a safra, será preciso produzir mais”, comenta.
Fonte: Canal Rural