Considerando os valores nominais, sem atualização da inflação no período, os preços têm renovado seguidamente os recordes alcançados em abril deste ano e já acumulam alta de 43,6% em 2020.

O indicador do arroz em casca Esalq/Senar-RS calculado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) ficou cotado a R$ 68,98 nesta terça-feira, 4. De acordo com o pesquisador do Cepea Lucílio Alves, esse é o patamar mais alto desde maio de 2008, quando o valor (atualizado pela inflação) atingiu R$ 69,95.

Considerando os valores nominais, sem atualização da inflação no período, os preços têm renovado seguidamente os recordes alcançados em abril deste ano e já acumulam alta de 43,6% em 2020.

Demanda impulsiona preços

Alves analisa que a demanda, tanto externa quanto interna, é o principal fator a impulsionar os preços do arroz no Brasil. Em relação à procura no mercado doméstico, o pesquisador identifica um deslocamento dessa demanda em virtude da pandemia do novo coronavírus aumentar o consumo do cereal nos domicílios.

Já quanto ao mercado externo, a desvalorização da moeda brasileiro teria gerado atratividade dos preços praticados em dólar, alavancando as exportações brasileiras. Segundo Lucílio Alves, de março a julho, nos cinco primeiros meses do ano safra, o Brasil já exportou 930 mil toneladas, contra 550 mil no mesmo período do ano passado.

O que vem pela frente

O pesquisador do Cepa afirma que, do ponto de vista da rentabilidade, analisando os custos operacionais e sem considerar o custo com arrendamento, o produtor de arroz irá verificar atratividade expressiva para a tomada de decisão quanto a investimentos em área plantada.

Porém, seria preciso avaliar atentamente a relação custo-benefício, pois o mercado de arroz não tem tradição de comercialização antecipada para travar os preços e diminuir o risco. Dessa forma, o pesquisador aconselha que é necessário atenção se o deslocamento da demanda interna observado neste ano tende a se manter no próximo ano-safra.

Por Felipe Leon, de São Paulo

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