O presidente Jair Bolsonaro, acompanhado de ministros e parlamentares, realizou na tarde desta sesta-feira (20), uma teleconferência com empresários para falar sobre medidas econômicas a serem adotadas pelo governo durante a pandemia de coronavírus. O encontro serviu para o presidente e outros participantes criticarem medidas estaduais e pedirem que a União tome o controle da gestão nacional da crise. Os representantes das entidades privadas, liderados pelo presidente da Fiesp (Federação das Indústrias de São Paulo), Paulo Skaf, também fizeram apelos ao governo federal.

Embora sem ser citado, o principal alvo das críticas de Bolsonaro foi mais uma vez o governador Wilson Witzel (PSC), que mandou fechar as estradas e os aeroportos do Rio de Janeiro para a entrada de transportes vindos de outros estados em que há casos de covid-19. Para o presidente, medidas como estas podem ser ainda mais danosas do que o novo coronavírus e fariam com que uma “catástrofe” se aproximasse de verdade.

“Estamos em contato com secretários de Estado para definir o direito de ir e vir, sem fechamento de rodovias, bem como aeroportos. A Constituição garante a nós para que não se bote em colapso o setor produtivo. O Brasil precisa continuar se movimentando, mexendo com sua economia, senão a catástrofe se aproximará de verdade”, disse o presidente.

“Eu, como estadista, tenho falado ao Brasil que não podemos entrar em pânico. Temos de tomar as medidas, mas sem histeria. Temos quase 12 milhões de desempregados no Brasil. Se este número crescer muito, outros problemas colaterais surgirão. O mal que pode ocasionar este congestionamento pode ser até maior do que o do vírus”, completou Bolsonaro.

“Tem um governador de estado que só faltou declarar independência da União”.
presidente Jair Bolsonaro

Entre os empresários que participaram da teleconferência estavam Abilio Diniz, presidente do Conselho de Administração da Península Participações, Luiz Carlos Trabuco Cappi, presidente do Conselho de Administração do Banco Bradesco, Alejandro Botero, vice-presidente da Renault no Brasil, e Carlos Sanchez, dono da EMS, empresa farmacêutica de genéricos.

Ao lado de Bolsonaro na mesa, também se pronunciaram os ministros Luiz Henrique Mandetta, da Saúde, e Walter Souza Braga Netto, da Casa Civil.

Mandetta afirmou que vai sugerir que os limites dos territórios estaduais passem para o comando de Bolsonaro, que, assim, centralizaria todas as decisões referentes a estradas e aeroportos.

“Algumas empresas, eu estou virando suas vocações para produzir ventiladores e insumos. Porque, às vezes, a gente acha que isso não é importante. A lavanderia do hospital tem de funcionar. Teve governador que fechou estrada e parou de produzir oxigênio. É inconcebível. É muito possível que a gente tenha de reconhecer que estamos em uma sustentação nacional, dizer que somos todo o Brasil, para que o comando das linhas de transporte passem para o presidente para a gente garantir os corredores”, disse o ministro da Saúde.

“Essa história de fechar aeroporto, fechar estrada, isso não pode ser descentralizado, senão vai virar bagunça. Isso vai ter de ter um comando central”.
Henrique Mandetta, ministro da Saúde

Alinhado com o discurso do governo, Paulo Skaf pediu a palavra na reunião para divulgar sugestões e pedir “centralização do comando das ações com eficiência e agilidade.”

“Precisamos que isso seja de forma planejada”, disse. “A primeira sugestão é que se crie um comitê de gestão sobre a sua presidência para que haja a participação de todos nós”, continuou.

O empresário também pediu por hospitais especializados apenas no coronavírus e afirmou que a iniciativa privada deveria ceder espaços para auxiliar na área da saúde, como fornecer locais onde possa se realizar a manutenção de equipamentos hospitalares.

“Temos escolas, centros de treinamento, campos de futebol… Empresas podem resolver, mas o ministro precisa demandar”, disse. “Estados comandam medidas assim sem planejamento central.”

Skaf também demandou que sejam feitas reuniões periódicas entre representantes do governo e da iniciativa privada.

“Talvez todo final de dia ou a cada três dias uma videoconferência com o Ministério da Economia e o Ministério da Saúde.”

Fonte: UOL-SP






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