No estado que mais produz milho no Brasil, Mato Grosso, a escassez do grão na entressafra coloca em alerta os criadores de suínos. Nos últimos dois meses, o preço médio da saca do cereal subiu de R$ 36,72 para R$ 63,58. Um salto de 73% que tem pesado no bolso dos suinocultores. O milho é o principal ingrediente usado na ração dada aos animais.

O impacto nas granjas só não é maior porque o setor também vive um momento de preços recordes. Impulsionado pela maior demanda pela carne suína – tanto no mercado interno quanto no externo – em uma época de oferta limitada, o valor do quilo vivo suíno chegou ao maior patamar da história no estado: R$ 7,46 em média, quase 40% a mais que o valor praticado no início de agosto.

Presidente da Associação dos Criadores de Suínos de Mato Grosso, Itamar Canossa afirma que o custo elevado compromete a rentabilidade do produtor. “A possibilidade de mantermos uma margem de lucro confortável não vem se concretizando. Ao mesmo momento em que o suíno sobe, o custo de produção sempre sobe mais. O poder de compra do suinocultor vem caindo semana a semana a um ponto assustador e preocupante porque, até então, estamos conseguindo fechar as contas. Mas, se houver algum imprevisto no mercado (suíno), a queda do valor da carne certamente será rápida e brusca, mas os custos deverão seguir elevados”, comenta.

Além do milho, os criadores também estão preocupados com o encarecimento do farelo de soja, também amplamente utilizado na ração. De agosto para cá, a tonelada do insumo saltou 44% em Mato Grosso, saindo de R$ 1.655 para R$ 2.385,33 em média.

Segundo Canossa, a preocupação é ainda maior com o cenário que os produtores devem enfrentar nos próximos meses, quando a disponibilidade de milho e farelo de soja deve ficar ainda mais limitada. “A gente sabe que agora, nos últimos dias do ano, o farelo de soja se torna escasso. Muitas vezes até ocorre falta do produto. No caso do milho, apesar de caro, ainda há estoques no estado neste momento e a gente ainda consegue comprar o produto. Mas a gente sabe que, historicamente, nos meses de março, abril e maio sempre há falta de produto, diante dos grandes volumes exportados e a alta procura no mercado interno. O receio é que além de mais caro, não haja produto disponível”, alerta.

O presidente da Acrismat lembra ainda que, em anos anteriores, muitos suinocultores recorriam aos leilões dos estoques de milho da Conab, que aliviavam os picos de oferta restrita. Porém, a companhia não terá grãos para ofertar nesta safra. “A orientação feita pelos profissionais da Conab é que o setor pense em uma forma de contrato futuro, tanto no milho quanto na soja”, pontua Canossa, indicando que a busca pela antecipação das compras desses insumos será um caminho sem volta para os suinocultores de Mato Grosso.

Autor: Canal Rural

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