O empresário Marcelo Cestari, que tenta afastar promotor de Justiça do caso

O ­­­empresário Marcelo Cestari, pai da adolescente que efetuou um disparo em tese acidental que matou Isabele Guimarães Ramos, de 14 anos, está tentando afastar o promotor de Justiça Marcos Regenold Fernandes das investigações sobre o caso.

Sua defesa entrou com um pedido de providências e de liminar de afastamento junto ao presidente do CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público), alegando que o promotor teria descumprido deveres funcionais.

A tragédia aconteceu no dia 12 de julho passado, no condomínio Alphaville I, em Cuiabá.

A defesa do empresário citou uma entrevista dada por Regenold à revista Época, onde o promotor teria praticado “arroubos acusatórios” e antecipado que iria denunciar os envolvidos na morte da adolescente por homicídio doloso, quando há intenção de matar.

“Fora o indiscutível uso indevido de informações resguardadas pelo sigilo, o promotor de Justiça extrapolou a concessão de transparência sobre os fatos investigados, abrindo espaço para uma antecipação do juízo de valor que o mesmo faz sobre o caso, assim como à revelação de fatos e indícios que sequer integram o verdadeiro conteúdo dos procedimentos inquisitoriais”, afirmou o advogado Rodrigo Osti.

Promotor acusa Época de “distorção”

Em nota, Regenold rebateu a argumentação da defesa do empresário e disse que a reportagem da revista Época distorceu uma entrevista concedida no último dia 28 de agosto.

“Neste dia, entendendo ser necessário que a população notasse que o MPE não está alheio ao caso, concedeu entrevista a um jornal e a alguns sites da Capital, expondo sempre questões objetivas, imparciais e sem opinião pessoal, nem mesmo fazendo menção a qualquer fato sigiloso nem a pessoa da adolescente infratora”, explicou.

Segundo o promotor de Justiça, no mesmo dia foi procurado pela reportagem da revista “para cujo repórter repeti sempre as mesmas informações prestadas aqueles veículos da imprensa local”

“Causou total estranheza a matéria publicada no dia seguinte (29/08) contendo argumentos distorcidos, inverídicos e com acréscimo de fatos que sequer tinha conhecimento”, reclamou.

“Imediatamente entrei em contato com o repórter e depois de uma altercação, o mesmo retificou algumas afirmações absurdas que jamais saíram da boca deste subscritor, mas manteve outras, inclusive as contidas na representação mencionada”, disse.

“Diante ainda das inverdades que permaneciam indevidamente na reportagem, encaminhei email à redação da Revista, expondo a situação e solicitando que as próximas reportagens sobre o trágico episódio fossem melhor conduzidas”, afirmou.

Confira a íntegra da nota:

“NOTA À IMPRENSA

À despeito do pedido de afastamento protocolizado pela defesa do Sr. Marcelo Martins Cestari junto ao CNMP na presente data, esclareço que:

– desde a morte da adolescente Izabele Guimarães Ramos, ocorrida em 12/07/20 na residência do mencionado cidadão, a apuração do caso ganhou atenção diária não somente da imprensa local, mas também da nacional;

– desde o evento fatídico até o dia 28/08/20, ou seja, por quase 50 dias, mesmo sendo um dos representantes do Ministério Público responsáveis pelo caso, nunca me manifestei, não obstante ter sido procurado inúmeras vezes por sites, jornais, emissoras de televisão e pelo Fantástico e mesmo ante as manifestações quase que diárias sobre o caso, feitas pelos advogados dos implicados e da família da vítima;

– apenas no dia 28/08/20, após exaustivo trabalho de investigação da polícia que inclusive já deve chegar à conclusão em poucos dias, este Promotor, entendendo ser necessário que a população notasse que o MPE não está alheio ao caso, concedeu entrevista a um jornal e a alguns sites da Capital, expondo sempre questões objetivas, imparciais e sem opinião pessoal, nem mesmo fazendo menção a qualquer fato sigiloso nem a pessoa da adolescente infratora;

– ocorre que, naquela mesma data fui procurado pela reportagem de uma revista nacional para cujo repórter repeti sempre as mesmas informações prestadas aqueles veículos da imprensa local, causando, contudo, total estranheza a matéria publicada no dia seguinte (29/08) contendo argumentos distorcidos, inverídicos e com acréscimo de fatos que sequer tinha conhecimento;

– imediatamente entrei em contato com o repórter e depois de uma altercação, o mesmo retificou algumas afirmações absurdas que jamais saíram da boca deste subscritor, mas manteve outras, inclusive as contidas na representação mencionada;

– diante ainda das inverdades que permaneciam indevidamente na reportagem, encaminhei email à redação da Revista, expondo a situação e solicitando que as próximas reportagens sobre o trágico episódio fossem melhor conduzidas;

– tudo o que menciono está devidamente documentado e me reportarei, oportunamente, aos órgãos de controle”.

Atenciosamente,

Marcos Regenold Fernandes Promotor de Justiça.

Mídia News

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