Um grupo de pesquisadores da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) descobriu quatro moléculas derivadas do indol que quando diluídas em água são capazes de eliminar o mosquito transmissor da dengue, zika e chikungunya durante a sua fase larval. A descoberta aconteceu a partir dos estudos de um mestrando de química, uma doutoranda do Instituto de Ecologia e Conservação da Biodiversidade e de um professor do Instituto de Biociências. Agora, deve ser patenteada junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI).

De acordo com a assessoria da universidade, as moléculas já são conhecidas por outras atividades biológicas, e o grupo de pesquisa da UFMT propõe o novo uso como larvicida. Os resultados da pesquisa demonstram que estes compostos matam 100% das larvas do inseto em poucos minutos e são eficientes mesmo em baixas concentrações, mantendo sua atividade larvicida por até 30 dias.

Além disso, o produto é ecologicamente amigável, ou seja, atinge seletivamente larvas do mosquito Aedes aegypti, e pode ser utilizado tanto em ambientes já contaminados, quanto para a prevenção. 

De acordo com o professor Marcos Antônio Soares, um dos responsáveis pela pesquisa, a UFMT tem em mãos uma ferramenta importante para ser inserida na cadeia de controle ao Aedes aegypti. “Com este produto, é possível eliminar a fase larval de um inseto causador de diferentes doenças”, afirmou.

O produto é eficiente, pois atinge o mosquito durante a sua forma mais sensível, porém, o controle da população não é eficaz com apenas um mecanismo de combate. “Nós desenvolvemos uma ferramenta extremamente eficiente para ser utilizada simultaneamente com outros métodos. É importante que tenhamos um controle para eliminar a fase adulta do inseto e que cada um dos cidadãos faça a sua parte”, disse o professor Marcos Soares.

As substâncias foram sintetizadas pelo mestrando Bruno Rodrigues Fazolo, do programa de Pós-graduação em Química, orientado do professor Lucas Campos Curcino Vieira (Faculdade de Engenharia). A atividade larvicida foi proposta pela doutoranda Janaina Rosa de Souza (Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Conservação da Biodiversidade), junto ao professor Marcos Soares.

Segundo Janaina, o interesse em propor o uso de substâncias larvicidas que controle a população do mosquito surgiu a partir do princípio de eliminar um inseto vetor de três doenças infecciosas, sendo capaz de gerar um impacto direto na melhoria da saúde pública. “A ferramenta foi desenvolvida pelo elevado número de casos de doenças causadas pelo vetor, tanto em nível estadual como nacional. Deste modo, resolvemos buscar novos compostos e moléculas que fossem eficientes como larvicidas para controlar o crescimento destes insetos”, afirmou.

No Brasil, os casos de dengue cresceram 339% em relação ao mesmo período do ano passado, segundo dados divulgados pelo Ministério da Saúde. O primeiro Levantamento Rápido de Índices de Infestação (LIRAa) de 2019 indica que 994 municípios podem ter surto de dengue, zika e chikungunya. Em Mato Grosso, a capital Cuiabá e as demais cidades estão em um nível de infestação considerado de risco.

Por Olhar Direto

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