A combinação de desmatamento ilegal e impunidade segue sendo o principal motor da devastação das florestas de Mato Grosso. Um relatório técnico produzido pelo Instituto Centro de Vida (ICV) aponta que, entre agosto de 2018 e julho de 2019, 85% dos desmates mapeados pelo Instituto Nacional de Pesquisa Espacial (Inpe) no Estado foram ilegais.

Ao todo, foram derrubados 1.685 km² de florestas em Mato Grosso. O número representa 17% do total registrado em toda a Amazônia (o segundo maior percentual, atrás apenas do Pará) e um aumento de 13% em relação ao período anterior.

Ainda de acordo com o relatório, o resultado sinaliza que o ritmo de destruição da floresta no Estado “continua alarmante”.

“Com a maior taxa de desmatamento dos últimos 11 anos, em 2019 houve mais que o dobro da área desmatada em 2012, que foi de 757 km². Isso também significa que é o quinto ano consecutivo que o Estado mantém taxas superiores a 1.480 km²/ano, se distanciando das metas de redução do desmatamento assumidas em 2015, durante a Conferência do Clima em Paris”, diz trecho do levantamento.

Taxa de desmatamento (km²) no bioma Amazônia em Mato Grosso, de agosto de 2008 a julho de 2019 (Prodes/Inpe)

A situação é potencializada, na avaliação do ICV, pelas falhas na fiscalização, que não consegue conter o desmatamento ilegal nem mesmo em áreas já incluídas no Cadastro Ambiental Rural (CAR).

De acordo com o Instituto, 56% de todo desmatamento (959 km²) ocorreu justamente em propriedades rurais com cadastro já realizado pelo menos uma vez, ou seja, com localização, limites e proprietários conhecidos do Poder Público.

Áreas desmatadas (km²) por categoria fundiária

Nesse grupo, mais da metade das derrubadas se concentrou em imóveis rurais grandes (acima de 1,5 mil hectares), seguidos dos imóveis médios, que possuem entre 400 e 1,5 mil hectares (28%). Os polígonos foram superiores a 50 hectares em 82% dos casos de desmatamento em imóveis privados.

“Cerca de 74% de todo desmatamento em áreas cadastradas ocorreu, portanto, em grandes imóveis rurais e em polígonos maiores que 50 hectares, ou seja, facilmente detectável pelos sistemas de monitoramento via imagens de satélite”, afirma o relatório do ICV.

Por O Livre

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