O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) anunciou nesta terça-feira (27) a ampliação do Disque-Censo 137 para todos os estados do país.
Trata-se de um canal telefônico gratuito que permite aos usuários o agendamento das entrevistas do Censo Demográfico 2022.
“Os moradores de domicílios onde ainda ninguém respondeu ao Censo 2022 devem ligar para o Disque-Censo 137, que passa a atender a todos os estados do país a partir de hoje (27)”, disse o IBGE.
O serviço, contudo, será disponibilizado de forma gradual nas cidades, de acordo com o andamento da coleta e as demandas de cada local, segundo o instituto.
Em grandes capitais, como São Paulo e Rio de Janeiro, onde a operação censitária está em ritmo mais lento se comparada a pequenas localidades, o canal telefônico ainda não foi aberto.
É possível saber os municípios em que o Disque-Censo já está disponível por meio de uma consulta no site da pesquisa: censo2022.ibge.gov.br/pecas-de-divulgacao/disque-censo.html.
A ligação para o número 137 é gratuita e pode ser feita de qualquer telefone fixo ou celular todos os dias da semana, das 8h às 21h30, disse o IBGE.
Lançada em 30 de novembro no Piauí e em Sergipe, dois estados onde a coleta se encontra em estágio final, a ferramenta recebeu cerca de 430 chamadas até 23 de dezembro.
O serviço já havia passado por uma ampliação ao longo das últimas semanas, até chegar a todos os estados nesta terça.
Ao receber a ligação no Disque-Censo, o atendente do IBGE pede que o morador se certifique de que nenhuma outra pessoa no domicílio respondeu ao levantamento basta que uma delas forneça as informações para todos os residentes de um endereço.
Caso o morador confirme que ninguém no domicílio respondeu, a ligação prossegue. O atendente, então, solicita o endereço para verificação.
A partir da conferência no banco de dados, o profissional diz ao morador se o local consta como visitado ou não. Se o domicílio já foi visitado, a informação é passada ao morador, e o atendimento é encerrado.
Caso o endereço não tenha sido visitado, o atendente informa que um recenseador irá presencialmente ao domicílio, conforme o IBGE.
As entrevistas do Censo começaram em 1º de agosto. Inicialmente, o instituto planejava o término da coleta para outubro, mas o prazo foi estendido para janeiro do próximo ano.
Nesta terça, o órgão sinalizou que os últimos detalhes da operação podem ficar para fevereiro. Ou seja, a coleta vai levar pelo menos seis meses para ser concluída, o dobro da previsão inicial (três meses).
O IBGE associa o quadro a dificuldades para contratar e manter os recenseadores em campo com o mercado de trabalho mais aquecido.
Parte desses trabalhadores temporários, porém, reclamou de atrasos nos pagamentos e de valores menores do que os esperados ao longo da coleta.
Conforme o instituto, as recusas de parte da população em responder aos questionários também prejudicaram o avanço da pesquisa. Até o momento, mais de 80% dos brasileiros já foram recenseados, apontou o órgão.
IBGE ENTREGA DADOS PARA TCU NESTA QUARTA
O IBGE informou que entregará dados prévios sobre a população brasileira para o TCU (Tribunal de Contas da União) nesta quarta-feira (28). As informações terão como base os resultados parciais da coleta do Censo realizada até 25 de dezembro.
O repasse das estatísticas é necessário, por exemplo, para os cálculos do FPM (Fundo de Participação dos Municípios), fonte de recursos das prefeituras.
“O IBGE enviará nesta quarta-feira (28 de dezembro), ao Tribunal de Contas da União (TCU), a prévia da população brasileira calculada com base nos resultados do Censo Demográfico 2022 até o dia 25 de dezembro”, apontou comunicado do órgão no fim da tarde desta terça.
A divisão do FPM é feita de acordo com o número de habitantes dos municípios, que são divididos conforme as faixas populacionais.
Nos anos de Censo, o IBGE repassa os dados do próprio recenseamento para o TCU. Mas, como a coleta de 2022 ainda não foi finalizada, o instituto teve de fazer adaptações na metodologia, utilizando projeções para complementar os números já levantados nos domicílios.
Em entrevista na manhã desta terça, o diretor de pesquisas do IBGE, Cimar Azeredo, indicou que mais de 4.000 municípios já haviam contado 99% ou mais da população nos domicílios.
“Os municípios que estão menos avançados são os maiores, capitais como São Paulo, Belo Horizonte e Rio de Janeiro. Em tese, [o novo modelo] não implicaria muito porque [as grandes cidades] não estão naquela relação dos municípios abaixo de 170 mil habitantes, que vão ganhar ou perder na escala do FPM”, avaliou o diretor.
Nos anos sem Censo, o IBGE compartilha as chamadas estimativas populacionais com o TCU. Essas projeções, por sua vez, seguem um modelo de tendência, que é calculado a partir dos dados do último Censo concluído neste caso, o de 2010. Recorrer a essa medida era uma das alternativas analisadas pelo instituto, mas a defasagem da última pesquisa jogava contra a escolha.
Como mostrou a coluna Painel, o atraso do Censo trouxe risco de judicialização. Como os valores do FPM são objetos de constante disputa, seja por municípios que têm o coeficiente rebaixado, ou por aqueles que querem ampliar seus recursos, há expectativa de que a metodologia ou o atraso dos dados possa servir para questionamentos.
“Uma coisa muito comum, quando termina o Censo, é o caso de prefeitos que reclamam da população [divulgada pelo IBGE] nos seus municípios”, disse Azeredo.
“Hoje, a gente tem ferramentas, como as coordenadas de GPS e a plataforma geográfica interativa, que permitem fazer diversos controles para saber se a população está correta ou não, se alguma quadra, se algum prédio, ficou de fora. Isso a gente pode acompanhar, sobretudo em municípios pequenos”, completou.
Autor: A Folha de São Paulo
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