A bacharel em Direito Patrícia Guimarães Ramos, mãe da adolescente de 14 anos que morreu em decorrência de um tiro acidental em Cuiabá, afirmou em depoimento à Polícia Civil que “estranhou” o fato de o local não ter sido isolado pelas autoridades no dia da tragédia.

Ela depôs aos delegados Wagner Bassi e Francisco Kunze, titulares da Delegacia Especializada do Adolescente e Delegacia de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente (Deddica), respectivamente, no dia 21 de julho.

A adolescente Isabele Guimarães Ramos foi atingida por um tiro acidental disparado por sua amiga, também de 14 anos. O caso ocorreu no dia 12 de julho, no condomínio Alphaville.

A mãe da menina contou que, após ver o corpo da filha estirado no banheiro, saiu da casa e ficou observado o entra e sai de pessoas. “Sentou na frente da casa do local dos fatos e viu uma grande movimentação de pessoas, inclusive de pessoas que não eram do condomínio”.

Ela conta que viu a chegada do delegado Olímpio da Cunha Fernandes da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) e estranhou a falta de isolamento no local.

“Achou estranho, pois o local não foi isolado durante todo o tempo o tempo; que não se recorda quem chegou primeiro ao local – se Polícia Civil ou Militar”, disse a empresária em depoimento.

Ela contou que posteriormente o delegado chegou a conversar com ela – que até aquele momento não sabia ao certo o que havia ocorrido com a filha.

“O delegado respondeu que tudo indicava ter sido um homicídio culposo, que foi um acidente, que o ‘case’ caiu e a arma disparou de dentro do ‘case’”, disse a mulher.

Ela então pergunta a Olímpio se o case estaria danificado e o delegado respondeu que havia uma “fissura” indicando ter sido em decorrência do disparo. Patrícia indagou o policial: “Como seria possível uma arma ser disparada de dentro de um case?”. Olímpio responde: “É isso que não está crível”. 

Em seguida perguntou se ele iria ouvir a adolescente que teria feito o disparo, mas o delegado disse que a menor estava abalada e a chamaria para depor em outra ocasião. A garota prestou depoimento três dias após o crime, em 15 de julho.

Viu a filha

Patrícia revelou ainda que a mãe da adolescente que deu o tiro foi até a sua casa chamá-la e a levou até o local da tragédia. Ela não sabia explicar o que tinha acontecido ao certo, apenas que havia “um acidente” com tiro com Isabele.

Ao chegar na casa, Patrícia foi direcionada até o banheiro de uma suíte, onde estava a filha. Lá, viu o empresário Marcelo Cestari – pai da adolescente que atirou contra Isabele – fazendo massagem cardíaca na menina.

“Perguntou ao Marcelo se sua filha tinha pulso, que Marcelo disse não saber e pediu para a declarante olhar pulso, que a declarante se abaixou, virou a cabeça da filha […] e viu que ela estava morta”, diz trecho do relato.

Ela saiu do banheiro e perguntou para as pessoas da família Cestari o que havia ocorrido e ninguém soube dizer nada. Segundo Patrícia, a adolescente que teria atirado não estava no local.

O outro lado

Conforme outros relatos, foi isolada apenas a parte superior da casa em que ocorreu a morte. 

Procurada pela reportagem, a Polícia Civil afirmou que não irá se posicionar sobre o caso, pois este corre em sigilo e as investigações ainda estão em andamento.

“Todas as circunstâncias que envolvem o crime são objeto de apuração e não pode comentar nenhuma informação a fim de não atrapalhar o andamento do inquérito. Estão sendo ouvidas em depoimentos todas as pessoas que estiveram na cena do crime, antes e após o fato, assim como aquelas pessoas que possam contribuir com a investigação”, diz trecho da nota. 

O caso

Isabele Ramos foi atingida com um tiro no rosto, por uma arma que estava sendo segurada pela amiga. Cestari chegou a ser preso no dia do crime por porte ilegal de arma de fogo, mas saiu após pagar fiança.

À polícia, a adolescente que atirou disse que foi em busca da amiga no banheiro do seu quarto levando em mãos duas armas.

Em determinado momento, as armas, que estavam em um case, caíram no chão. “A declarante abaixou para pegar os objetos, tendo empunhado uma das armas com a mão direita e equilibrado a outra com a mão esquerda em cima do case que estava aberto”, revelou a menor em depoimento.

Midia News

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