Os registros de focos de calor em Mato Grosso aumentaram 301,24% no intervalo de um mês. Em julho, o Aqua Tarde, satélite de referência do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), identificou 1.919 ocorrências. Já em agosto, o número saltou para 7.699.

A crescente onda de focos de calor ocorre, entre outras áreas, nas proximidades da rodovia MT-351, no bioma de Cerrado, entre a capital Cuiabá e a Chapada dos Guimarães. Na região, há ao menos um incêndio ativo desde o último dia 23 (ou seja: há nove dias). Em nota enviada, o Corpo de Bombeiros e a Defesa Civil confirmam o foco e destacam que na manhã desta quinta-feira (1º) há 83 servidores atuando na região, entre bombeiros militares, brigadistas e integrantes da Defesa Civil.

O Corpo de Bombeiros local avisa, ainda, que o fogo próximo à Usina Hidrelétrica de Manso está controlado. No entanto, no sentido sul (rumo a Cuiabá) da MT-351, os trabalhos para controlar o incêndio seguem ativas. “As ações de combate estão intensificadas, com apoio de duas aeronaves da Defesa Civil”, afirma a corporação.

Uma questão climática

Além de superar em mais de 300% o número de focos de calor no comparativo com julho, agosto deste ano também supera em registros o mesmo período de 2021. Em agosto do ano passado, o satélite de referência do Inpe apontou para 6.617 ocorrências do tipo em toda a área mato-grossense. Ou seja: crescimento de 16,35% de um ano para o outro.

Gerente-geral do projeto Aliança da Terra, Caroline Nóbrega explica que, por causa das condições climáticas, o período julho-agosto-setembro é “crítico de seca” na região, com altas temperaturas e falta de chuva. “Há localidades que tem mais de 60 dias, por vezes 90 dias, que não chove. E quanto mais empo sem chuva, maior o risco para o começo de incêndio”, explica. “Altas temperaturas, nada de chuva e ventos muito fortes. Uma mistura bastante perigosa para ignição, princípio de incêndios”, prossegue, nesse sentido, a especialista.

O que são os focos de calor em Mato Grosso?

“Focos de calor” é a definição dada pela equipe técnica do Inpe. De acordo com a Defesa Civil de Mato Grosso, um registro desse tipo representa, quase sempre, o surgimento de incêndios florestais — uma vez que um foco de calor é classificado dessa forma quando os sensores do satélite encontram temperaturas acima dos 47 graus Celsius.

“Ao longo dos anos, o Inpe tem avançado na auditoria das detecções de focos de calor com intuito de evitar falsas detecções, desta forma, dificilmente um foco de calor detectado não seja incêndio ou queimada”, informa a Defesa Civil de MT. “Um incêndio ou uma ocorrência podem gerar um ou vários focos de calor, dependendo da extensão da linha de fogo”, detalha o órgão.

Problema não é de agora, aponta a Brigada Aliança

Grupo formado em 2009 com o intuito de combater incêndios florestais, sobretudo próximos a áreas de produção agrícola, a Brigada Aliança pontua, em seu site oficial, que o aumento de focos de calor não é uma novidade. Para a iniciativa, que todavia conta com quatro “agrobrigadas” em Mato Grosso, é preciso apresentar alternativas para combater esse problema.

“É inegável que estamos vivendo uma crise no combate a incêndios no país – além da diminuição das chuvas e do aumento de focos de calor, os recursos públicos dedicados ao combate e prevenção têm ficado ainda mais escassos. Por isso, a Brigada Aliança trouxe uma alternativa para produtores e comunidades engajadas em reduzir vulnerabilidades e prejuízos financeiros: as brigadas privadas”.

Autor: Canal Rural

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