A Arena Pantanal não recebe um jogo do Brasileirão desde 2016. O afastamento dos grandes jogos de Cuiabá se devem a alguns fatores elencados por alguns organizadores desses eventos. Como a obrigação da venda de ingressos de cadeiras numeradas, logística e condição do estádio. O Governo de Mato Grosso se esforça para diminuir as dificuldades e conseguir atrair esses jogos.

A última partida pelo Brasileirão foi em outubro de 2016, quando o Corinthians venceu o Santa Cruz por 4 a 2, na Arena Pantanal. De lá para cá somente Fluminense e Flamengo, pelo Campeonato Carioca de 2018, reuniu dois grandes clubes do futebol brasileiro em Cuiabá.

A reportagem conversou com um responsável por “comprar” alguns jogos do Brasileirão. Ele tem preferido Brasília e citou alguns fatores que impedem a Arena Pantanal de receber jogos. A obrigatoriedade de vender ingressos numerados, para ele, é a maior delas. Segundo o empresário, que pediu sigilo, os torcedores de futebol no Brasil não tem costume de sentar nas cadeiras numeradas, o que gera um transtorno para os próprios torcedores. Na última partida, em 2016, foram registrados mais de 10 processos judiciais contra o organizador, por pessoas que se sentiram prejudicadas.

Ministério Público

O Ministério Público de Mato Grosso (MP-MT) só cumpre a legislação do Estatuto do Torcedor, que determina que os ingressos sejam emitidos numerados em eventos esportivos.

– A Arena Pantanal possui todas as condições para que os clubes respeitem a legislação e os direitos dos torcedores. O estádio dispõe de numeração nas cadeiras de todos os setores e a falta de costume da maioria dos torcedores em não observar o local indicado no ingresso não serve de justificativa para que o direito assegurado em lei seja desprezado. Cabe ao organizador adotar medidas preventivas e orientativas para resguardá-lo, sobretudo nos jogos de grandes públicos – afirmou Ezequiel Borges de Campos, promotor da Justiça Cível do MP-MT.

Para “educar” e orientar os torcedores a sentar cada um em seu lugar, o organizador da partida teria que reforçar a quantidade de pessoas em todos os setores. Isso gera mais gastos e normalmente inviabiliza o evento em Cuiabá. Os empresários citaram que nos outros estados não existe essa obrigatoriedade de ingressos numerados.

Demais problemas

Em Mato Grosso, a taxa paga para a Polícia Militar fazer a segurança do evento é uma das mais altas do Brasil – Brasília não é cobrado. A logística, uma vez que o aeroporto Marechal Rondon não recebe vôos diretos das principais cidades do Brasil. Por essa dificuldade, os times demonstram resistência a virem para Cuiabá. Por fim, as condições da Arena Pantanal, que ainda não foi entregue de forma definitiva pela construtora para o estado.

Alguns fatores estruturais da Arena causam preocupação. O gramado foi atingido por uma praga e sempre há reclamações das equipes. A falta de água nos vestiários e banheiros ainda é um temor. Comum em anos anteriores, não tem ocorrido ultimamente. Outra má lembrança foi a falta de luz por mais de uma hora na final da Série C do Brasileiro do ano passado – Cuiabá x Operário-PR -, último jogo com grande público. As catracas eletrônicas também não funcionam – o Cuiabá aluga para os seus jogos. Por fim, a interdição dos setores Norte e Sul por falta do laudo do Corpo de Bombeiros, limita a quantidade de público no estádio.

– Se tiver um grande evento, um jogo grande, nós conseguimos um laudo temporário dos setores Norte e Sul para o jogo, excepcionalmente. Mas nos não trabalhamos com essa possibilidade porque já está no nosso planejamento todo o trabalho para liberar o alvará definitivo. Estamos em processo de liberação do orçamento para outubro estar liberado os quatro setores da Arena – explicou Allan Kardec, secretário de Estado de Cultura, Esporte e Lazer.

O secretário ainda deixou claro que o estado tem trabalhado para deixar a Arena Pantanal pronta para poder receber jogos do Brasileirão.

– É óbvio que estamos trabalhando com a perspectiva que até o final do ano a Arena Pantanal esteja 100% liberada. Temos total interesse em trazer jogos do Brasileirão ainda este ano para cá – finalizou.

Processo de “compra”

Para mudar um jogo para um local fora ao estado de origem do time mandante, é necessário uma série de procedimentos. A promotor do jogo “compra” o mando de campo e negocia com o estado para o qual deseja mandar a partida. Para a alteração, precisa ter a anuência do time visitante também. Da renda bruta, cerca de 30% são retidos para pagamento de encargos, entre eles 5% vai para a federação do time mandante e outros 5% para a federação onde será o jogo – esses valores podem ser negociados.

Os valores pagos ao mandante variam de acordo com o tamanho da torcida e posição na tabela. Podem chegar até R$ 1,5 milhão, principalmente se tiver o Flamengo envolvido.

Os altos custos da partida e as dificuldades encontradas em Cuiabá é que tem impossibilitado os jogos na Arena Pantanal.


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