O senador eleito e ex-juiz da Lava Jato, Sérgio Moro (União-PR), terá três colegas de legenda como ministros do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. O paranaense é adversário político do futuro presidente e, antes de entrar na política partidária, foi o responsável pela sentença que levou o petista a prisão em abril de 2018.

Apesar disso, Moro tem evitado entrar em confronto com os colegas de legenda. A interlocutores, o senador eleito já disse que, mesmo com os ministérios, ele ouviu de líderes do União Brasil de que o partido terá uma postura “independente” ao atual governo. Além de Moro, há uma ala do partido que também é adversária do próximo presidente. Nomes como o do deputado eleito Mendonça Filho (PE) e dos senadores Márcio Bittar (AC), Alan Rick (AC) e Soraya Thronicke (MS) têm políticos do PT como adversários regionais e não se sentiriam confortáveis sendo parte da base de Lula.

Lula confirmou nesta quinta-feira, 29, que os deputados Juscelino Filho (União-MA) e Daniela do Waguinho (União-RJ) comandarão as pastas de Comunicações e Turismo respectivamente. O senador Davi Alcolumbre (União-AP) indicou o governador do Amapá, Waldez Goes, para ser ministro da Integração Nacional. Waldez é do PDT, mas irá se licenciar do partido e deve entrar nas fileiras do União Brasil.

Há uma preocupação principalmente em relação a bancada do Senado, visto que, diferente dos deputados, os senadores podem mudar de legenda sem o risco de perder o mandato.

Ainda assim, o presidente eleito não esconde que a nomeação dos ministros têm como objetivo ter o apoio da legenda no Congresso. Ao anunciar Waldez Goes na Integração Nacional, ele cobrou apoio do União Brasil no Congresso. “Waldez, você vai ter duplo trabalho, além de seu trabalho como ministro, vai ter que ajudar a coordenar a bancada na Câmara e no Senado. Portanto, se prepare”, completou o petista.

O nome de Waldez foi sacramentado na noite de ontem, 28, após uma reunião entre Lula e Alcolumbre. Na manhã desta quinta, o presidente do União Brasil, Luciano Bivar, Alcolumbre e Lula fizeram uma nova reunião e definiram a indicação dos deputados Daniela do Waguinho (União-RJ), próxima de Bivar, e Juscelino Filho (União-MA) para comandar respectivamente as pastas de Turismo e Comunicações.

Além do embate entre Moro e a ala lulista do seu partido, há também outras disputas internas dentro do União Brasil. A legenda foi criada no começo deste ano e é o resultado da fusão do DEM com o PSL. O deputado Luciano Bivar era o presidente do PSL e se manteve no comando partidário com a criação do União. No entanto, Bivar tem acumulado embates com a ala oriunda do DEM. Durante a própria filiação de Moro, que contou com o apoio de Bivar, integrantes do antigo DEM discordaram e até ameaçaram vetar sua filiação.

A postura de evitar movimentos bruscos de atrito com o partido difere do que foi adotado por Moro no começo de 2022. Quando ainda queria ser candidato à Presidência, Moro chegou a se filiar ao Podemos, mas trocou a legenda depois de cerca de cinco meses filiado. O objetivo era ter uma estrutura partidária maior para ser candidato ao Planalto. A candidatura presidencial não prosperou, mas ele conseguiu ser eleito senador pelo União Brasil. O movimento de saída desagradou os parlamentares do Podemos e levou ao rompimento de Moro com o senador Alvaro Dias (Podemos-PR), que não conseguiu ser reeleito e perdeu a eleição que foi vencida por Moro neste ano.


Autor: O Estado de São Paulo

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