O agricultor Cleverson Bertamoni aguarda com preocupação a hora de colher a segunda safra de milho. Ele plantou 600 hectares do grão em Nova Mutum, região médio-norte de Mato Grosso. São pelo menos três os motivos da apreensão: o desempenho da lavoura (que pode ter sido afetado pelo atípico excesso de umidade nesta época do ano), os preços de comercialização do cereal e o custo para transportá-lo.

Com metade da produção prevista já negociada (baseada numa produtividade esperada de 120 sacas por hectare), Bertamoni acompanha as cotações ficarem cada vez mais distantes da almejada. Para cobrir os investimentos na cultura, precisa vender o grão por algo em torno de R$ 20,00 a saca. Valor acima do que o que tem sido atualmente praticado na região, na casa dos R$ 18,00 a saca segundo o produtor.

Na contramão dos custos, o produtor vê cotações menores na comparação com o ano passado. Segundo o Imea, até agora o preço médio de comercialização da atual safra em Mato Grosso é 15% inferior ao registrado no ciclo 2017/18, que ficou em R$ 23,98/saca. Os agricultores já venderam 58% da produção, estimada em 29,3 milhões de toneladas.

Um dos limitantes dos preços, na avaliação dos produtores, é o valor elevado para transportar os grãos. Com o reajuste da tabela de preços mínimos do frete, publicada no fim do mês passado pela ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres), a conta ficou ainda mais pesada. Uma simulação feita pelo Imea ilustra o tamanho do impacto. Para levar 59 toneladas de milho de Sorriso-MT para Santos-SP, o desembolso apenas com o frete será de R$ 17.235,90. Ou seja, o equivalente a R$ 17,53 por saca – valor próximo ao atual preço do grão na região médio-norte de Mato Grosso.

Num ano em que os agricultores de Mato Grosso terão despesas “extras” com impostos (o Fethab passa a ser cobrado também na venda do milho destinado a outros estados ou países), a viabilidade econômica da safra ainda é incerta, faltando poucas semanas para o início da colheita dos milharais.

Canal Rural

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