A adoção de sistemas de integração lavoura, pecuária e floresta tinha como meta atingir 4 milhões de hectares. — Foto: TVCA/Reprodução

Criado em 2010, o Plano ABC incentiva o setor agropecuário a produzir alimentos com baixa emissão de carbono. Ao mesmo tempo o produtor tem a possibilidade de ganhos econômicos com as ações que realiza na propriedade.

“Aumentando a renda do produtor com o benefício de gerar essas externalidades, é um plano que dá certo. Entre 2010 e 2018 nós já estamos com uma produção de aproximadamente 50 milhões de hectares que foram recuperados com sistemas produtivos mais sustentáveis. Nós estamos falando de uma variação de 2010 a 2018. Que país no mundo conseguiu recuperar uma área tão expressiva em tão pouco tempo? 50 milhões de hectares equivale a uma vez e meia a área da Alemanha, ou como toda a área do Reino Unido mais a Itália. Então, o Brasil está dando um show e a gente está mostrando que todas essas tecnologias, que vão desde recuperação de pastagens, integração lavoura-pecuária, tratamento de dejetos animais, florestas plantadas, plantio direto e fixação biológica de nitrogênio aumentam a renda e têm essas externalidades de absorver gases de efeito estufa, o que para nós abre bons mercados”, diz Mariane Crespolini, diretora de produção sustentável e irrigação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

Entre as práticas adotadas no campo, que ajudam na conservação da água e do solo, está a recuperação de áreas de pastagem.

A adesão de fazendas ao sistema ILPF também é uma das atividades que mais colaboram para a redução na emissão de gases. É uma técnica que permite reunir em um mesmo espaço a produção de grãos, a criação de gado e a exploração de madeira, por meio de florestas plantadas. Além dos benefícios ambientais, existe a geração de renda para a propriedade. Pesquisas realizadas pela Embrapa em Sinop, a 503 km de Cuiabá, mostram os benefícios do sistema para o clima.

“A gente consegue reduzir entre 3 a 3,5 toneladas de CO2 por hectare, por ano. Nós temos um aproveitamento melhor no uso da água. Resultados de pesquisas da unidade mostram que nós temos um aumento em torno de 16 mil de água sendo armazenados no solo nesses sistemas integrados em relação ao sistema de mono cultivo”, afirmou Alexandre Nascimento, pesquisador da Embrapa.

2020 é o ano limite para o cumprimento das sete metas estabelecidas no Plano ABC. Para a recuperação de pastagens a meta era recuperar 15 milhões de hectares em 10 anos. De acordo com o Mapa, em nove anos já foram recuperados 32 milhões de hectares.

A adoção de sistemas de integração lavoura, pecuária e floresta tinha como meta atingir 4 milhões de hectares. Neste caso, até 2018 o país já tinha quase 6 milhões de hectares com este sistema. A Fazenda Platina, em Santa Carmem, a 493 km de Cuiabá, é um exemplo de integração. A lavoura ganhou espaço junto à pecuária e ajudou na fertilidade do solo.

“Há um grande incremento de matéria orgânica no solo. Áreas que ficaram 3 ou 4 anos como pastagem, quando a gente foi voltar a soja este ano, as análises mostraram que não precisava de calcário. A gente vê que o solo tem mais vida”, diz o pecuarista Juliano Antoniolli.

O plantio direto nas lavouras também é uma meta do Plano ABC. Em dez anos seriam necessários ter 8 milhões de hectares cultivados sobre a palhada. De acordo com o ministério, já existem 10 milhões de hectares. E Mato grosso é referência no cultivo de grãos com o plantio direto.

Mas adotar sistemas produtivos que ajudam na recuperação ambiental e também no aumento de produtividade exigem investimentos altos, e os produtores precisam estar dispostos a pagar.

A partir de 2020, novas metas devem ser planejadas para o Plano ABC, principalmente ampliando e incentivando as novas tecnologias dentro das propriedades rurais.

Por G1 MT


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