O Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), divulgou uma nota neste sábado (6/6) em que aponta que o governo de Jair Bolsonaro tenta dar “invisibilidade” aos mortos pelo novo coronavírus. A declaração é assinada pelo presidente da pasta, Alberto Beltrame e ocorreu após o secretário Carlos Wizard ter dito em entrevista ao O Globo que os dados atuais seriam “fantasiosos ou manipulados”. Segundo Wizard, o ministério vai rever os dados de coronavírus, sob alegação de que os gestores locais estariam aumentando o número de mortos a fim de receber maior repasse federal.
“Ao afirmar que Secretários de Saúde falseiam dados sobre óbitos decorrentes da Covid-19 em busca de mais “orçamento”, o secretário, além de revelar sua profunda ignorância sobre o tema, insulta a memória de todas aquelas vítimas indefesas desta terrível pandemia e suas famílias. A tentativa autoritária, insensível, desumana e antiética de dar invisibilidade aos mortos pela Covid-19, não prosperará”, diz um trecho do documento.
Beltrame afirma ainda que a posição de Wizard ofende a todos os profissionais de saúde que estão envolvidos no combate ao coronavírus. “Wizard menospreza a inteligência de todos os brasileiros, que num momento de tanto sofrimento e dor, veem seus entes queridos mortos tratados como ‘mercadoria’. Sua declaração grosseira, falaciosa, desprovida de qualquer senso ético, de humanidade e de respeito, merece nosso profundo desprezo, repúdio e asco. Não somos mercadores da morte. A vida é nosso valor maior, com ela não se negocia, relativiza ou transige”.
Bolsonaro diz que mudança nos dados visa retratar melhor o momento do país
O presidente Jair Bolsonaro postou nas redes sociais na manhã deste sábado (6/6) uma nota do Ministério da Saúde para justificar a mudança ocorrida na divulgação de dados sobre covid. Além de não informar o total de mortes e o total de casos confirmados do novo coronavírus desde o início da pandemia, a pasta não mais divulga o total de casos em investigação para o vírus. A divulgação que ocorria às 17h durante o comando do ex-ministro Mandetta, passou a sair às 19h após a saída do mesmo. A partir do meio desta semana, o boletim passou a sair apenas às 22 horas. O portal do Ministério da Saúde com as informações consolidadas também foi tirado do ar.
Segundo a nota, o modelo anterior, além de não indicar que a maior parcela já não está com a doença, ‘não retratam o momento do país’. Ainda segundo nota divulgada pelo presidente, as informações estão sendo adequadas para evitar subnotificação e inconsistência dos dados.
Coincidentemente, a medida foi adotada após o Brasil registrar dois dias seguidos de recorde de mortes por covid19 em 24 horas. Na última quarta-feira (3), a pasta registrou 1.349 óbitos.
Fonte: Correio Braziliense