Dois gols do Santos anulados pelo VAR. Corretamente, mas por questão de centímetros. 24 chutes do time de Cuca ao gol. Contra apenas dez.
Diego Alves foi o melhor da partida. Fez três excepcionais defesas. A equipe de Domènec Torrent com apenas 42% de posse de bola.
O Flamengo venceu o Santos por 1 a 0, gol que nasceu em um contagolpe perfeito, que acabou com a finalização de Gabigol.
Mas na Vila Belmiro, o time rubro negro não parecia nem sombra do poderoso Flamengo campeão da Libertadores, do Brasil, da Supercopa do Brasil, da Recopa Sul-Americana, do Rio de Janeiro.
Se tornou uma equipe previsível, que se encolhe e contragolpeia fora de casa. Abriu mão da personalidade. Da envolvente troca de posições do meio para o ataque. A movimentação constante que desorientava qualquer sistema defensivo. A transição está sendo para pior.
Fora, o rodízio forçado que está impondo na Gávea. Montando as equipes de acordo com os adversários. Mas, na prática, o espanhol trouxe insegurança aos atletas e despreza o entrosamento, fundamental para um time de sucesso.
O Flamengo do ex-treinador português não fazia revezamento. Das sete competições que disputou, chegou na final de seis. Ganhou cinco.
Hoje foi um exemplo do rumo escolhido. Com elenco muito mais limitado do que o Flamengo, Cuca mandou no jogo.
O clube carioca agora aceita a pressão do rival, principalmente fora de casa. Virou uma equipe reativa, como muitos gostam de rotular. O que mostra de bom, se deve ainda ao trabalho de Jorge Jesus.
E nem de longe pode ser comparada à uma caricatura dos times de Pep Guardiola, de quem Domènec foi auxiliar por 11 anos. “Temos que melhorar pouco a pouco. Hoje jogamos 30% e temos que melhorar. Não é como ligar e desligar a luz. Todos os técnicos no mundo precisam de tempo, não só Dome. Acho que fisicamente estamos melhor, taticamente todos compreendem melhor, mas não é automático”, dizia, o treinador flamenguista, diante da cobrança por uma transformação tão radical, para pior, do campeão da Libertadores.
“Acho que temos que rodar. As pessoas têm que compreender que é impossível jogar 100% com os mesmos jogadores. Quando temos jogadores similares, com a mesma qualidade, temos que rodar. No próximo jogo, vamos rodar também, no seguinte também. Se temos 20 jogadores no mesmo nível, vamos ter 20 se rodarmos. Se não usarmos, os outros vão perder a forma. Thiago Maia tem grande forma, Gerson também, Arrascaeta também, todos”, confirmava o treinador, avisando que a insegurança, a incerteza seguirá na Gávea.
É inacreditável as alegações do vice Marcos Braz e do diretor Bruno Spindel. Eles disseram ter escolhido Domènec porque teria sequência o trabalho de Jorge Jesus.
O que está longe de ser realidade. O Flamengo ainda tem o melhor elenco da América do Sul. Individualmente, não há adversário que se compare. Mas como equipe, piorou muito.
Não se impõe, onde quer que seja a partida. Pelo contrário. Sofre e muito, desde que Torrent chegou. Ele pede tempo. Mas sua filosofia de futebol está clara. Contragolpes em velocidade. Ataque em bloco, vertical. Mas com cada jogador na sua posição. Com marcação baixa, no seu campo, o que dá confiança ao adversário. Diego Alves está se destacando em todas as partidas desde que o espanhol chegou.
A tecnologia salvou o Flamengo de dois gols duvidosos, mas ilegais. Mas não disfarçou a fragilidade do time.
Domènec chegou há um mês. Disse que conhecia a história do Flamengo. Teve, finalmente, uma semana de trabalho, sem jogos. Mas mostrou como sua equipe será. E ela não tem nada a ver com a tradição rubro negra. A forma com que enxerga futebol é conservadora. Submissa. Time de contragolpes. O Flamengo dominador, que não se interessa onde é o jogo, encurrala o adversário não existe mais. Partiu para avião para Lisboa.
R7