O laudo pericial feito pela Politec (Perícia Oficial e Identificação Técnica) na casa do empresário Marcelo Cestari, no condomínio Alphaville, em Cuiabá, concluiu que a sua filha de 14 anos, que atirou e matou Isabele Guimarães Ramos, da mesma idade, também estava no local do crime, o banheiro da suíte da jovem.
O resultado da perícia contradiz frontalmente a versão da menor que efetuou o disparo. O homicídio aconteceu na noite de 12 de julho.
Em depoimento prestado à Polícia Civil no dia 14 de julho, a adolescente sustentou que estava do lado de fora do banheiro. Ela disse que seu pai pediu para que alguém guardasse o armamento, levado por seu namorado até a casa, e que ela se prontificou a guardá-lo.
“Nesse momento a declarante observou que Isabele tinha acabado de subir a escada, indo em direção ao seu quarto; que a declarante pegou o case (com duas armas) e subiu atrás dela, com o intuito de saber o que ela iria fazer no seu quarto; que ao chegar ao quarto, a declarante chamou pela amiga, não obtendo resposta, constatando que ela estaria no banheiro”.
A jovem disse que, em seguida, entrou no closet, dentro do qual está localizado o banheiro, chamando pela amiga, que também não respondeu.
“Dessa forma, ela decidiu bater na porta do [banheiro] sendo que, ao soltar uma das mãos, o case caiu no chão, abrindo e expondo as duas armas, tendo uma caído parcialmente fora do case; que neste momento, a declarante abaixou para pegar os objetos, tendo empunhado uma das armas, com a mão direita, e equilibrado a outra com a mão esquerda, em cima do case que estava aberto”.
A adolescente contou à polícia que “em decorrência disso, sentiu um certo desequilíbrio ao segurar o case com uma mão, ainda contendo uma arma, e a outra arma na mão direita, gerando o reflexo de colocar uma arma sobre a outra, buscando estabilidade, já em pé. Neste momento houve o disparo”.
Trecho do depoimento da menor que atirou:
Já o laudo, assinado pelo perito oficial criminal Thiago José Resplande, afirma que por volta das 22 horas Isabele econtrava-se no interior do banheiro da suíte.
“Em momento seguinte, um (a) atirador (a), que este perito não pode identificar, postou-se na região interior do banheiro, na parte esquerda, com a pistola Imbel descrita no laudo apontada para a face da vítima, contra a qual efetuou disparo acionando o gatilho, com a arma posicionada a uma altua de 1,44 metro do piso e a uma distância entre 0,20 m e 0,30 m da face da vitima”
O laudo conclui que a “vítima foi atingida na região nasal pelo projétil, que transfixou a sua cabeça. Concomitantemente, produziu as manchas de sangue observadas nos joelhos, no hálux (dedão) do pé direito e no piso, ao proceder o movimento de queda para o decúbito dorsal permanecendo nesta posição”.
Trecho da perícia que cita a atiradora no banheiro:
“Dúvidas”
Diante da contradição, a reportagem procurou o advogado Ulisses Rabaneda, que defende a família da adolescente que efetuou o disparo.
“Estamos analisando o resultado da perícia e vamos pedir esclarecimentos, pois existem algumas dúvidas”, afirmou, sem dar maiores detalhes.
Veja a ilustração do local do crime feita pela perícia:
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